Blaze Bayley relembra como o “grunge” afetou o Iron Maiden

Blaze Bayley relembra como o “grunge” afetou o Iron Maiden
Blaze em Santiago, Chile, em 2016. Foto por Mariano Beuses (Créditos: Wikimedia Commons).

Blaze Bayley foi o convidado do podcast “Metal Talk“, e por lá falou sobre seu mais recente álbum, “War Within Me”, seu trabalho com o Wolfsbane e também relembrou um pouco da sua passagem pelo Iron Maiden, numa época que foi bastante difícil para as bandas de Heavy Metal, sobretudo após a consolidação do grunge.

Quando o grunge apareceu no final da década de 80, ele era só mais um gênero de música em desenvolvimento. Por isso ele tinha suas similaridades com o punk, heavy metal e post-rock. No entanto, foi a junção desse punhado de influências que o distinguiria dos demais.

Em síntese, podemos dizer que o ponto de virada e reconhecimento mundial do gênero veio após o lançamento de “Nevermind”, segundo disco do Nirvana, em 1991. Depois dele, o mundo da música seguiu outro rumo.

Na década de 1980, quem dominava a programação das rádios e da MTV, eram as bandas de heavy metal e hard rock. Dias depois do vídeo de “Smells Like Teen Spirit” estrear na televisão, a indústria da música mudou. Foi como se ela tivesse dado um “reset” de memória. Ninguém mais queria maquiagem e spray para cabelo. A moda passou a ser flanela xadrez e jeans velho.

Blaze Bayley no Iron Maiden

E foi justamente nesse cenário que Blaze Bayley entrou para uma das maiores bandas de heavy metal da história. Portanto, esse período foi um dos temas abordados pelo podcast “Metal Talk“. Em entrevista transcrita pelo site Blabbermouth, Blaze relembrou como a “era grunge” abalou o Iron Maiden:

“Nós tocamos em Seattle no auge do grunge, e o público foi dividido – visivelmente – dos verdadeiros fãs de metal, que estavam nas primeiras cinco ou dez fileiras, ‘Maiden é minha banda. Estou aqui para ver o Maiden. É isso. Eu vim para ouvir as novas músicas’, e ao fundo desses estavam, ‘Eu vim para ver o último show desse dinossauro. Quero dizer que vi a última turnê do Iron Maiden‘. Foi horrível – absolutamente horrível”.

O mercado fonográfico em mudança

Além disso, ele acrescenta que em 1994, ano em que entrou para a banda, “a EMI vendeu todas as fábricas que possuía para produzir vinis, CDs e fitas cassete”. Segundo Blaze, a gravadora estava “saindo do negócio de manufatura, que era o esteio do negócio da música”.

Pedaços de plástico que você entrava em uma loja de discos e comprava – fosse vinil, fita cassete ou CD – todos aqueles pedaços de plástico, de repente as vendas despencando. A EMI saiu. Eles pensaram que tudo seria digital. Agora sabemos que eles estavam fazendo acordos com a Apple e tudo isso”, disse o vocalista.

Continuando o bate papo com o “Metal Talk“, o músico reflete que o somatório destas questões influenciou a decisão sobre o retorno de Bruce Dickinson ao Iron Maiden:

“Então, tudo estava indo mal. Tudo estava contra nós. A forma do mundo da música estava mudando. Quando fizemos ‘The X Factor’ e eles disseram que o Nirvana seria o novo Judas Priest ou o novo Iron Maiden, foi bizarro, mas era isso que estávamos enfrentando. […] O Black Sabbath teve uma reunião. O Deep Purple teve uma reunião. E a EMI pressionou a banda: ‘Precisamos de uma reunião para recuperar o interesse no Iron Maiden‘. E longe de mim estar no caminho. Bruce voltou e isso me deu uma oportunidade maravilhosa de começar minha carreira solo”, concluiu Blaze.

Carreira solo

O mais importante é que esse período conturbado para algumas bandas, demonstrou ser apenas mais uma fase da indústria da música. Posteriormente houveram períodos contestáveis, porém, as bandas relevantes sempre sobreviveram. Talvez não com a mesmo impacto, mas, sempre com o mesmo amor a música.

É o caso de Blaze Bayley. Depois da demissão do Iron Maiden, ele construiu uma carreira solo estável, lançando álbuns de qualidade e constantemente em turnês. Ele pode não lotar estádios como antes, entretanto, sempre entrega um show vigoroso.

O décimo disco de estúdio de Blaze Bayley, “War Within Me”, foi lançado em abril de 2021. Todas as músicas foram escritas e produzidas por Blaze e Christopher Appleton. O guitarrista vem colaborando com Blaze desde 2013 e esteve presente em todos os álbuns desde então. No Brasil “War Within Me” é distribuído pela Dynamo Records.

Abaixo você pode conferir a entrevista completa ao Metal Talk Podcast, em inglês.
Logo após a entrevista, veja o lyric vídeo da música “War Within Me”:

The Orchard Music (em nome de Blaze Bayley Recs)

Licença da imagem destacada Creative Commons (CC BY-SA 4.0).