Tony Martin gravou algumas demos de “Dehumanizer”

Tony Martin confirmou em entrevista ao canal do youtube Almost Human, que gravou algumas demos para “Dehumanizer”, álbum de 1992. Embora tenha sido o vocalista do Black Sabbath em cinco dos seus álbuns de estúdio, a passagem de Tony Martin pela banda, sempre rende discussões acaloradas.

De fato, é verdade que o período em que ele esteve a frente da banda, não corresponde aos melhores anos do Black Sabbath. No entanto, não seria justo atribuir a culpa disso somente ao vocalista, já que outras circunstâncias devem ser consideradas. Uma delas, é que na época, o único remanescente das formações clássicas, era Tony Iommi. Tanto é que de “Seventh Star“ em diante, a banda se tornou um “projeto” solo do guitarrista.

Mas, acredito que esse desdém sobre esse período recaí sobre o vocalista, simplesmente por ele não ser Ronnie James Dio e nem Ozzy Osbourne. Porque, talentoso, competente e um ótimo vocalista, Tony Martin sempre foi. E os álbuns lançados pela banda com ele nos vocais, são em sua maioria, bons registros. Particularmente, coloco “Headless Cross” de 1989, entre os melhores do Black Sabbath.

Tony Martin podia não ter o mesmo carisma dos vocalistas anteriores, fato que pode ser comprovado nas apresentações ao vivo, mas, seu desempenho vocal, não pode ser menosprezado. Enfim, não há nada de errado com sua performance vocal, ela é até superior a de Ozzy Osbourne. Mas como frontman, como um homem de palco, ele estava muito aquém de seus antecessores. Só que apenas isso, não é suficiente para renegar o catálogo da banda com ele.

Bastidores de “Dehumanizer”

Como as vendas e o interesse pela banda baixou consideravelmente da metade da década de 80 em diante, qual seria a solução para retornar ao passado de glórias? Nada mais eficaz do que trazer de volta o antigo vocalista.

E junto de Dio, voltou à banda Gezzer Butler. E posteriormente Vinny Appice, pois, Cozy Powell, o então baterista, se machucou no inicio das gravações de “Dehumanizer”. Então, uma das melhores formações do Black Sabbath estava de volta. Tem coisa melhor para despertar o interesse de fãs e mídia? Dificilmente.

Mas, nem tudo são flores. O processo de composição se demonstrou bastante conturbado, visto que as rusgas do passado entre Tony Iommi e Dio, ainda estavam ali. Conforme disse Tony Martin, à Almost Human, via Blabbermouth, as coisas não estavam indo bem:

“Recebi uma ligação de Tony Iommi dizendo: ‘Isso não está indo muito bem [com] Dio. ‘Eu disse: ‘Oh, é mesmo?’ E ele disse: ‘Não. Você pode voltar? ‘E eu disse: ‘Não. Eu não posso voltar. Já comecei a fazer meu trabalho solo e segui em frente.’ [E ele disse], ‘Tudo bem. OK.’ Então, alguns meses se passaram e ele me ligou novamente. E ele disse: ‘Tem certeza de que não pode voltar? Realmente não está funcionando”. 

O “retorno” de Tony Martin

E foi assim que depois de ser chutado da banda, Martin, foi convidado a retornar. Apesar disso, seu retorno definitivo não foi consolidado ali. Tony Martin chegou a gravar algumas demos de “Dehumanizer”, mas, como ele explica, aquele momento não foi oportuno:

“Então eles me convidaram para ir ao estúdio quando eles estavam gravando as coisas, então eu fui lá. E eu tentei conseguir algumas melodias e outras coisas, mas ficaram com pouco tempo, como de costume. E eu disse: ‘Olha, se vou fazer isso, preciso reescrever tudo. Eu preciso tirar isso e sentar com ele e resolver isso. ‘Eles disseram: ‘Não temos tempo para isso’.”

“Eu tentei e gravei algumas demos. Mas eu duvido muito – na verdade, estou 99 por cento certo de que não sobrou nada [daquelas gravações]. Eu tenho algumas breves cópias em cassete de algo que experimentei, mas é de qualidade realmente horrível”, finaliza Martin. 

Dio pede demissão

Como sabemos, “Dehumanizer”, foi muito bem recebido tanto pela crítica, quanto pelos fãs. Mas o retorno da formação de “Mob Rules”, não deu certo naquele momento. Os músicos voltariam a se reunir em 2006, sob o nome de Heaven And Hell.

Além dos desentendimentos que ocorreram durante a gravação, Dio se sentiu contrariado, quando a banda convidou Ozzy Osbourne para participar dos shows de Costa Mesa, Califórnia, em novembro de 1992. E assim o vocalista caiu fora e levou consigo o baterista Vinny Appice. Esses dois shows se tornaram famosos, pois, contaram com Rob Halford, do Judas Priest no lugar de Dio.

Seu breve retorno durante as gravações da demos de “Dehumanizer”, mostrou que, além de profissional, Tony Martin era merecedor de ocupar o cargo de vocalista do Black Sabbath. E assim, sua volta foi decretada e ele permaneceu na função até o retorno da formação original em 1997. O resto é história.

Depois disso Tony Martin participou de alguns projetos com outros artistas, entre eles Empire e The Cage. E em 2022 ele irá lançar seu terceiro disco solo chamado “Thorns”, cujo single “As The World Burns” pode ser ouvido abaixo. O disco será lançado em 14 de janeiro, via Battlegod Productions e Dark Star Records