Jô Soares, apresentador, escritor e humorista, morre aos 84 anos

Jô Soares, apresentador, escritor e humorista, morre aos 84 anos
Foto por Zé Paulo Cardeal (TV Globo/Divulgação).

Morreu na madrugada desta sexta-feira (5), aos 84 anos, o apresentador, escritor, ator e humorista Jô Soares. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o fim de julho e tratava uma pneumonia. No entanto, a causa da morte não foi revelada.

Quem comunicou a morte do apresentador foi a ex-esposa, Flávia Junqueira Pedras, que deixou uma mensagem em suas redes sociais. Posteriormente, a assessoria de imprensa do hospital confirmou a informação.

“Faleceu há alguns minutos o ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares. Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados”, escreveu Flávia.

Flávia informou que o funeral será reservado apenas para família e amigos próximos e também agradeceu o tempo que dividiu com o ex-marido:

“Você é orgulho pra todo mundo que compartilhou de alguma forma a vida com você. Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem […]. Obrigada para sempre, pelas alegrias e também pelos sofrimentos que nos causamos. Até esses nos fizeram mais e melhores”. 

 
 
 
 
 
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Jô Soares

José Eugênio Soares nasceu em 16 de janeiro de 1938, no Rio de Janeiro. Ele é filho único do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Pereira Leal. Seu interesse pelas artes surgiu na adolescência, enquanto estudava em um internato na Suíça. pretendia ser diplomata, mas, seu humor e criatividade fizeram com que ele desistisse da ideia e rumasse para a área artística.

O ator e roteirista

Apresentador de TV, ator, escritor, roteirista e diretor, Jô Soares apareceu em diversos meios, seja na televisão, cinema, revista, ou, teatro. No entanto, ganhou projeção nacional como ator e apresentador.

estreia na televisão ocorreu em 1956, como parte do elenco da “Praça da Alegria”, na época na Record TV.

Esse foi só o começo, pois, trabalhou nas primeiras e nas principais emissoras do país, na Continental, TV Rio, Tupi, Excelsior, Record, SBT e Globo.

Durante as primeiras décadas da longa trajetória, atuou principalmente como ator e roteirista e fez parte do elenco de humorísticos de enorme sucesso. Entre eles, destacam-se “Família Trapo”, da Record TV, exibido entre 1967 e 1971 e da Rede Globo, “Faça Humor, Não Faça Guerra” (1971), “Satiricon” (1973) e “O Planeta dos Homens” (1977) e “Viva o Gordo” (1981), primeiro programa seu.

O apresentador

Mas foi no SBT que ele deu uma guinada na carreira. A emissora contratou Jô Soares para dar continuidade a seu humorístico, dessa vez intitulado “Veja o Gordo” (1988), mas, rapidamente acumulou outra função, o de apresentador de talk show, no programa “Jô Soares Onze e Meia” (1988).

A atração ficou no ar entre 1988 e 1999, e serviu de influência para um gênero que hoje, vive o auge da popularidade. O sucesso fez com que ele retornasse à Globo e em 2000 deu início a seu trabalho mais duradouro, o “Programa do Jô”, com o qual ficou no ar por 16 anos.

Outros trabalhos

Paralelamente a seus trabalhos na televisão, fez cinema, teatro e escreveu livros. Suas obras de maior destaque na literatura são “O Xangô de Baker Street” (1995) e “O Homem que Matou Getúlio Vargas” (1998). “O Xangô de Baker Street” inclusive, deu origem ao filme luso-brasileiro de 2001, no qual Jô Soares desempenha o papel do desembargador Coelho Bastos.

Além dele, apareceu em mais de 20 filmes. Os mais emblemáticos são “O Homem do Sputnik” (1959), “Hitler IIIº Mundo” (1968), “A Mulher de Todos” (1969) e “O Pai do Povo” (1976), único como diretor.

No teatro dirigiu, atuou e escreveu inúmeros espetáculos, durante toda a carreira e é onde ele estava mais atuante nos últimos tempos. Alguns dos títulos em que esteve envolvido incluem “Viva o Gordo e Abaixo o Regime!” (1978), “Brasil, da censura à abertura” (1980), e “O Gordo ao Vivo” (1988). Seu último trabalho nos palcos foi em 2018, como diretor na peça “A noite de 16 de janeiro”, de Ayn Rand.

Na música, ainda que seja a contribuição mais tímida dentre todos os ramos da arte em que fez história, lançou os discos “Norminha” (1972), com canções humorísticas e paródias, e “Jô Soares e O Sexteto – Ao Vivo no Tom Brasil” (2000), uma obra de jazz em que canta e toca bongô e cornet, versão compacta de um trompete que frequentemente tocava no “Programa do Jô”.

Além disso, também escreveu para jornais e revistas, e assinou uma coluna na “Veja”.

A morte de Jô Soares significa a perda de um dos artistas mais geniais, versáteis, criativos e produtivos que o Brasil já teve. Felizmente, sua obra é eterna, mas, é inegável a falta que ele fará.